Outro dia desses um amigo meu, que admiro muito por sinal, me fez uma encomenda: que pusesse no papel algo sobre o quão admirável é tomar atitudes que mudam o mundo, que movem o mundo. Ele se referia àquelas pessoas que têm garra de viver e cujas ações promovem mudanças, seja na dimensão que for melhorando a vida de um indivíduo ou de milhões.
A garra de viver parece uma coisa simples, estou vivo e pronto. Na verdade não é tão simples assim. Têm pessoas que se dobram fácil ante os problemas e outras dizem em tom de desafio: "eu sou mais forte". Uma que posso citar por conhecer de perto é minha avó. Ela tem 97 anos, já não anda, ouve e nem enxerga direito, mas a memória é 100%: ela se lembra de datas, nomes, sabe meu telefone de cor. Outro dia cheguei pra visitá-la e ela estava sorridente contando que um sobrinho disse que uma senhora lá da cidade dele, com 103 anos, estava noiva de um jovem na faixa dos 80. Há esperança! ela disse. Há! concordei. Seguramente há esperança enquanto houver vida e brilho no olhar. Minha avó faz planos para daqui a 10 anos isso é um exemplo de garra de viver...
Eu, na minha inocente inexperiência, disse a esse amigo, durante essa nossa conversa existencial, que eu não tenho medo de morrer. Que tenho medo de perder as pessoas que amo, mas de morrer não. Porque, eu justifiquei, neste mundo há muita miséria, muita maldade, o ser humano me parece muitas vezes cruel o inferno já é aqui reiterei. Então, ele me respondeu: ... quando eu tinha 36 anos, como você, também pensava assim. Não tinha nenhum medo da morte...
Aí eu parei e pensei: como eu fui arrogante. Viver é um privilégio diário. Existe muita podridão, corrupção, maldade, mas existem seres verdadeiramente iluminados que vieram a este mundo para realizar algo. Volto àquelas pessoas que esse amigo citou. Cientistas e médicos que dispõem grande parte do seu tempo debruçados em livros para descobrir a cura para desconhecidos viverem mais. Pessoas que dedicam sua vida a causas nobres seja pela salvação da natureza, pela erradicação da fome, da violência... enfim, viver vale a pena também por esses seres que movem o mundo.
E tem gente ao nosso lado movendo o mundo: um amigo que luta contra uma doença grave, mas não perde a alegria de viver; alguém que sofre a ausência de outro alguém muito amado que partiu, mas acorda todos os dias e tem palavras amigas para aconselhar; a senhora que tem cinco filhos, o marido a abandonou muito cedo, ela acorda quatro da manhã para às sete horas estar servindo o seu café; o deficiente físico de pouco mais de 30 anos que vai cedo dar palestras para ajudar outras pessoas a vencerem as dificuldades como ele fez. Vencer é a palavra de ordem de quem move o mundo. Pessoas como esse meu amigo que está sempre pensando em novos projetos para mudar a vida de outros; como a minha avó, que olha de frente para os desafios e responde: "a vida continua". E como tantos outros seres iluminados que movem o mundo com ações, palavras e exemplos e fazem com que a gente tenha orgulho e muita vontade de viver.
Quem eu sou
- Amigas da Leitura
- Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector
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