"Prefiro as coisas boas de estar fora do padrão do que as coisas boas de ser padronizada". Essa frase foi dita por uma grande amiga minha durante uma de nossas tantas conversas sobre comportamento e sobre a vida. O tema era relacionamento e rótulos. A reflexão que ela fez, e até se dispôs a pesquisar mais sobre o assunto, como boa jornalista que é, foi a seguinte: estamos vivendo em tempos muito rotulados, cheios de padrões. Eu tive que concordar e principalmente reconhecer que certos rótulos partem de mim mesma da minha criação, dos tabus impostos, de verdades aceitas e não contestadas mas ao menos cheguei à conclusão de que venho eliminando paulatinamente esses padrões e cárceres da minha vida e, com certeza, esses rótulos têm uma importância bem menor hoje em dia do que já tiveram.
Exemplos... Exemplos são sempre bons... Deixamos escapar pessoas muito bacanas em nossas vidas porque não se encaixam em certos padrões. Já vi algumas pessoas deixarem de se relacionar com outras porque o fulano ou a fulana não tem carro, ou não ganha acima de "X", ou não mora em um local privilegiado e sim em um subúrbio, ou porque já tem filhos, ou porque não cursou uma faculdade, ou porque há diferença de idade. Quer dizer, os reais valores, que verdadeiramente importam vão para debaixo do tapete... Às vezes vemos aquela família "padrão" papai, mamãe, um filho e uma filha aparentemente feliz e não sabemos o que se passa nos bastidores, afinal, "o jardim dos outros sempre nos parece mais belo". A felicidade não está necessariamente no "padrão", talvez esse modelo não te sirva. Até porque a cada dia podemos recriar padrões, já que nós os inventamos. E se nós os inventamos devemos tomar as rédeas da situação e colocá-los em seu devido lugar, mostrar quem manda e não deixar que eles guiem nossas vidas.
Hoje em dia, no quesito relacionamento, há de tudo. As pessoas inventam maneiras de se relacionar que vovó nunca pensou que um dia iriam existir. As três formas namoro, noivado e casamento se multiplicaram... Só para citar alguns tipos de relacionamento: o ficante, o sexo casual, o casamento em casas separadas, ou em cidades separadas, ou casamento aberto... E, outro dia, descobri que existe também o namoro entre aspas. Dentro de cada modalidade de relacionamento existem outras tantas subdivisões, então nem vale a pena aqui eu tentar explicar o que cada uma delas quer dizer, até porque não ia conseguir mesmo... Mas para citar outro exemplo, conversando com um colega de trabalho descobri que há alguns anos ele se relaciona da seguinte maneira: liga somente nos finais de semana para as namoradas com aspas justamente para que não se caracterize um namoro sem aspas. Meio confuso, não? Mas foi a maneira que ele encontrou de estar bem.
Enfim, enquanto o tipo de relacionamento for devidamente esclarecido e acordado entre as partes, qualquer nome que se der está valendo, o importante é estar bem... Talvez a gente só deva parar e pensar bem sobre qual dessas variedades se encaixam melhor para a nossa vida, para depois não se sentir frustrado ou injustiçado. Será que o ideal para você é um casamento em casas separadas, ou aberto, ou tradicional? Será que é suficiente para você ser uma namorada de fim de semana, ou melhor mesmo é um namoro sem aspas? Não existe o ideal, o padrão... Talvez a felicidade esteja em você encontrar alguém que queira o mesmo tipo de relacionamento que você, seja ele qual for.... porque aí sim há mais chance de se construir algo sólido, um jardim verdadeiramente belo.
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ResponderExcluirOntem vi o Tropa de Elite 2. Hoje pela manhã fui à aula de português para concursos. Que relação pode haver entre as duas ações? Muita coisa. Ao sair do cinema - e até mesmo durante o filme -, eu fiquei pensando o porquê de querer entrar num Senado da vida se já sei como as coisas funcionam lá dentro. É para aquilo lá que estou estudando? É pela grana? Por quê? Bom, a pergunta continuava a me martelar pela manhã quando acordei para estar 8h no instituto Fernando Moura. O que eu estou fazendo aqui? O que todos estamos fazendo aqui? Alguns pela grana, outros pela estabilidade, outros pelo poder, sei lá.
ResponderExcluirE daí eu entendi que o padrão é mesmo a gente que determina - a gente escolhe se a nossa opção será padronizada ou não (e ninguém tem nada com isso). Então, farei o Senado, ótimo. Mas por quê? Porque eu quero ganhar mais dinheiro e me aposentar mais cedo (fato), porque eu quero comprar um sítio para plantar amoras e fazer licor (fato), porque eu quero poder ter a tranquilidade de viver de escrever só porque eu gosto disso (fato), porque eu acredito que é preciso melhorar o sistema e não enterrá-lo (fato).
Ontem saí do filme pensando que querem nos impor um pensamento (perverso) do tipo: o Congresso (o sistema) é podre. Podres são as pessoas. E nem adianta votar "melhor", é preciso atuar melhor. Votamos e achamos que está bom. Ledo engano. Votamos e cobramos, votamos e participamos. Assim atuamos realmente e só assim algo mudará, mas eu não vou dizer isso às pessoas, eu vou procurar fazer, só assim poderei dizer algum dia que tinha ou não razão. Mas para meu irmão no Rio eu estou dentro de um padrão boçal "servidora pública que não faz porra nenhuma e ganha muito". O filme, assim como a imprensa, quer nos passar a idéia de que somos impotentes e nada podemos diante do "sistema". Com certeza é verdade quanto mais pessoas pensarem a mesma coisa.
E volto à conversa inicial em relação ao padrão. A padronização das relações - ou de qualquer outra coisa - é perversa, pois supõe que só é possível a felicidade de uma forma. Eu seria leviana em dizer a você: "ah, amiga, não serve um cara que só quer te ver nos finais de semana". Quem sabe o que serve para você é apenas você mesma e ninguém mais. Posso, no máximo, te perguntar se é isso mesmo que você quer, se você pensou bastante e, se der certo ou errado, estar ao seu lado quando você precisar. Quanto mais nos libertarmos do padrão, melhor seremos e pensaremos e sentiremos. Mesmo que nossa escolha seja o padrão. O padrão não é ruim (querer ganhar muito dinheiro/ter um casamento padrão), desde que tampouco prejudique os demais ou a você mesma (entrar em esquema corrupto/passar por cima dos demais/escolher um cara só porque ele se encaixa no padrão).
Ana Flora Caminha