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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de março de 2011

A vida é um espetáculo


Recebi uma mensagem pela internet sobre uma campanha publicitária com frases que incentivam a viver melhor. Coisas que estamos cansados de saber, mas que muitas vezes não colocamos em prática. Frases como:"Crie filhos em vez de herdeiros."..." Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama." Daí parei para pensar em quando foi que as pessoas se perderam de tal maneira que é preciso chamar atenção para questões que deveriam ser elementares. Por que é tão difícil dispor do seu tempo com filhos, amigos, pais, esposo (a), namorado (a)? Por que é tão difícil dizer eu te amo? Por que mesmo tendo saúde, comida, lazer, moradia, o que a gente ganha nunca é o suficiente? Por que a gente complica tanto a vida e muitas vezes só enxerga os dramas?

Percebo que quanto mais a gente se envolve só com os nossos problemas, maiores eles se tornam. Quando nos voltamos para os alheios, os nossos vão ficando insignificantes... Não que não tenham importância, mas é tão bom sabermos dimensioná-los e colocá-los em seu devido lugar. Ou seja, um trabalho chato não é maior do que não ter emprego; a ausência temporária de um companheiro (a) não é maior do que um casamento sem respeito, sem amor; família carente e que te sufoca não é maior do que não ter um endereço certo da acolhida; não ter o corpo das modelos e atrizes não é maior do que as doenças que nos devoram por dentro e por fora...

Fosse a vida um palco, melhor seria optar sempre por roteiros de comédia. Não é sempre que dá, é verdade, porque o máximo que conseguimos é ser coautores. Vira e mexe vem a vida e nos apresenta um vilão digno de Shakespeare e só nos resta chorar. Por um tempo... Porque em certo momento precisamos reescrever nossa história e, da parte que nos cabe, tentar melhorar nosso roteiro, ainda que seja freando as canetadas da vida.

Citando Charles Chaplin: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Estejamos, então, sempre prontos para improvisar e mostrar o melhor de nós. E quando necessário, auxiliar aqueles que estão atuando conosco nessa vida, muitas vezes até assumindo suas "falas". Se precisarem, por que não? Afinal, uma peça só é boa quando é bom o conjunto. Como diriam os atores para ter sorte antes de inciar uma peça: Merda! Que deve servir também para continuarmos perseverantes nesse espetáculo que é a vida.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tempo de criança


Um amigo outro dia desses fez a seguinte observação: "Na física moderna a medição do tempo é relativa, será que para nós o tempo também não é relativo em relação à qualidade do seu uso?" Ele então me explicou o que estava tentando dizer com isso. A sensação que temos quando somos crianças é de que o tempo passa lentamente. No entanto na vida adulta, o tempo se torna artigo de luxo, quase não o vemos passar, voa... Por que isso acontece? Começamos a refletir a respeito...

Quando criança, desfrutamos a maior parte do tempo. Tudo é leve, sem grandes pretensões. Não há nada com que nos preocupar, a ingenuidade nos protege de questionamentos desnecessários, de pessoas desnecessárias, enfim, fora o que cabe ao processo de educação e ao que nos puser em risco de vida, quase todo o resto é permitido. Parece então que leva uma eternidade para se ter 10 anos e outra para chegar aos tão sonhados 18... Depois disso, o intervalo entre janeiro e dezembro parece reduzido a pó, as ocupações e preocupações se apoderam do nosso tempo... Ele fica lá encarcerado, abduzido.

É fato que não se pode ser eternamente criança. É mais fato ainda que continuaremos a pagar contas e a resolver todos os questionamentos e problemas que a vida adulta nos traz. Mas, com certeza, a gente pode libertar de vez em quando o nosso tempo desse cárcere de preocupações e fazer coisas que nos deixam felizes, que nos remetam ao tempo de criança. Talvez assim ele não passe com tanta velocidade, talvez assim possamos enxergá-lo melhor e conseguir, enfim, desfrutá-lo com mais qualidade. Será? Nada perdemos em tentar.

Fazer o exercício de melhorar a qualidade do nosso tempo é o grande desafio da vida. Se tivermos o cuidado de relaxar mais, prestarmos mais atenção às pessoas que nos provocam boas sensações, perdemos menos energia com sentimentos inúteis, talvez tenhamos a sensação de que o tempo passe mais devagar. As responsabilidades vão continuar a bater em nossa porta, mas dar o devido lugar ao que é da vida adulta nos permite reservar espaço para sermos crianças também. Isso inclui brincar, ter melhores amigos, dançar, ter prazer em comer, abraçar e beijar muito quem se ama, se lambuzar de sorvete, definir o que se gosta de fazer e fazer... Tempo é relativo, é a gente que faz... Então certamente sempre haverá espaço para deixar vir a tona nosso tempo de criança.

terça-feira, 1 de março de 2011

Mulheres que mordem


Parece loucura mulheres que mordem? Sim... Conheço mulheres que mordem... E posso garantir: são as melhores! Mulheres que mordem não têm vergonha do que dizem os outros, são adultas, pagam suas contas, portanto pouco interessa a opinião alheia. A alheia, porque a do lado interessa: interessa a opinião da amiga que as acolhe, da mãe que as aconchega, do amado que as sustenta. Sustenta não no sentido financeiro, mas no melhor deles, no de animar, alentar, fortificar... Afinal, o conselho que a elas serve, mesmo sendo duro, é o que as faz crescer e gerar mudança.
As mulheres que mordem não têm medo de mudanças, nem da mudança no vestuário. Ficam lindas no conforto de uma calça que mais parece um pijama e mais ainda no conforto das havaianas. Geralmente saem de cara limpa, pois para elas as rugas representam experiência alegres, tristes, divertidas, frustrantes e assunto para desenvolver.
Tempo é artigo raro, por isso torna-se imperioso selecionar com quem e como dividi-lo. E elas já descobriram que acima de tudo o tempo consigo não é desperdício.
As mulheres que mordem são as mesmas que afagam. Tudo no tempo devido. Afagam com o olhar certeiro de quem não deixa passar despercebido um olhar triste... Aconchegam em seus braços os filhos, filhos dos filhos, amigos, desconhecidos, quem deles necessitar, como se fosse um coração gigante, com braços enormes, digno de filme do Almodóvar.
E preferem ouvir mais. Já perceberam que às vezes é melhor se calar ainda que tenham razão. Palavras erradas ferem e a razão é volúvel, "facinha, facinha": hoje pode estar contigo e amanhã não mais...
Elas já perderam também o medo desnecessário, aquele atrelado ao SE: "E se não der certo", "e se eu não gostar", "e se eu sofrer"... Esse SE, do pretérito imperfeito do subjuntivo, é condição para uma ação que poderia estar ocorrendo, mas poderia também não estar ocorrendo, certo? Então esse medo não existe... Melhor é viver o presente e só então avaliar se causa sofrimento, dor e é um medo devido.
Estão longe da perfeição, buscam melhorar sempre, mas com a certeza de que nunca vão mesmo alcançá-la. Até porque perfeição não existe e a obsessão por obtê-la vira distúrbio... Perigoso demais.
Morder é apenas uma metáfora, porque mulheres que mordem somos quase todas nós. São minhas amigas, minha mãe, minha irmã, minha vó, a moça que dobra a esquina, a senhora que lava roupas, cada uma do seu jeito, no seu tempo, umas mais, outras menos. Porque a mordida, na medida certa, é intensa e saborosa e muitas mulheres que conheço são assim.
Uma singela homenagem a todas vocês, no mês da mulher, e merecidamente sempre!!!!