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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Saudade não é tão ruim...


Difícil explicar sentimentos... Ainda mais quando se trata da saudade, uma sensação atribuída a tantas situações completamente distintas e muitas vezes antagônicas. Você pode estar feliz e dar o nome de saudade e essa mesma saudade pode te levar ao fundo do poço, tamanha a tristeza. Um amor correspondido, porém ausente, gera saudades, um sentimento gostoso... Já o amor não correspondido traz uma saudade sofrida, que dói... No primeiro caso pode-se preencher o vazio da saudade com a lembrança, com a expectativa do encontro, com a construção de um porvir. No segundo caso, no entanto, a saudade é um vazio que não se preenche, nem mesmo com a lembrança...
O mesmo acontece quando sentimos saudades de pessoas que amamos e se vão para sempre... O tempo ameniza, mas nada preenche totalmente o vazio. Reorganizamos nossa escala de prioridades e a saudade vai perdendo lugar, vai diminuindo o seu grau de importância, mas o vazio continua lá. Vai doendo cada dia menos até que um dia nem dói mais, mas a saudade continua lá...
Além da saudade das pessoas, tem a saudade das sensações, de lugares, de épocas passadas... Você sente aquele cheiro familiar que te remete à infância, come um bolo igualzinho ao que sua avó fazia lá em Minas Gerais e sente vontade de estar lá, assiste a uma cena de um filme e o abraço dado pelos personagens te lembra aquele amigo que você não vê há anos e que abraçava daquele jeito...
E quando você sente saudades do que não viveu? É outro tipo de saudade, até um pouco maluca, totalmente nostálgica, mas que existe... Saudade de ter vivido nos anos dourados, ido a bailes e vivenciado amores inocentes... Saudades de ter vivido nos tempos da "garota carioca", num Rio de Janeiro sem tantos assaltos, tiros perdidos e violência... Saudades de ter ido ao cinema quando ainda era um grande acontecimento social e quem sabe até ter rido e se emocionado com um filme mudo de Chaplin.
Na verdade, sentimos saudades de quem fomos, de toda alegria que sentimos com aquela pessoa ou naquele momento ou naquele lugar. Sentimos saudades do que aquelas sensações apreendidas e aprendidas nos engrandeceram, nos deram prazer... Sentimos saudades até do que consideramos que poderia ter sido bom e nos tornado felizes, embora não tenha sido realizado. Acho que por isso não temos saudades alguma do que foi ruim, a mente e o coração rapidamente se encarregam de apagar de nossa vida, de nossa memória.
Saudade não é tão ruim assim... Hoje sinto saudades das conversas que tinha com a minha amiga de sorriso gigante, do quanto me faziam bem, e de tomar caipirinha em xícaras, no Natal, para minha avó não perceber que minha tia e eu estávamos bebendo... E entre mil coisas que poderia citar, do colo das duas... Muita saudade! Sou melhor porque tive o prazer de desfrutar da companhia delas... É, saudade não é tão ruim assim...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Para os que vem de fora da cidade e ainda não aprenderam a amá-la. Uma singela dica!
beijo a todos



Porque amo Brasília


Quem não gosta de Brasília
ainda não viu
as rajadas do pôr-do-sol
num horizonte anil


Quem não gosta de Brasília
ainda não viu
o noturno da cidade refletido
num Paranoá febril

Quem não gosta de Brasília
ainda não sentiu
o milagre da chuva
que o cinza coloriu


Quem não gosta de Brasília
ainda não ouviu
a virtuose do clube do choro
em pleno Planalto vil

Quem não gosta de Brasília
ainda não ouviu
a batida do surdo
num improviso pueril

Quem não gosta de Brasília
ainda não viu
a beleza do ipê
durante a seca hostil

Quem não gosta de Brasília
nunca sentiu
a mistura da cultura
de todos os cantos do Brasil.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Descobertas de um palhaço

Esta semana, uma amiga chegou radiante onde trabalhamos, contando que assistiu a um filme lindo e que a emocionou. Recomendou que eu o assistisse porque, segundo ela, com certeza eu iria amar. Acertou em cheio: amei! O filme é O Palhaço, de Selton Mello e, assim como essa querida amiga, saí do cinema cheia de reflexões.
A principal delas, como ela bem escreveu em seu blog, é a importância de sonhar e fazer o que estiver ao seu alcance para concretizar o seu sonho. Vivemos em um mundo onde não cabe mais sonhar, a correria impera assim como imperam o poder, o dinheiro, o ter , falsos valores que fazem com que a maioria das pessoas esqueçam ou até considerem ridículo sonhar.
O foco do filme é a história de Benjamin (Selton Mello), palhaço de um circo mambembe que faz dupla com o pai Valdemar (Paulo José). Benjamin, ou Pangaré, como é chamado nos espetáculos circenses, parte em busca de seu sonho conquistar uma carteira de identidade e comprar um ventilador e com isso resgatou o seu sorriso. Ele fazia os outros sorrirem, mas já não via graça em sua profissão, não encontrava motivos para sorrir. Deixou a lona do circo e saiu em busca de sua identidade. E nessa busca, resgatou a si mesmo, resgatou a paixão pela profissão de palhaço, encontrou o amor, encontrou novamente motivos para sorrir.
Uma grande lição, afinal, a vida sem ter quem nos faça sorrir, sem ter motivação, faz até um palhaço ficar triste. E, às vezes, precisamos mergulhar fundo em nós mesmos para descobrir essa motivação, nossa verdadeira identidade. Às vezes, como o Palhaço fez, é preciso deixar de lado o conforto da rotina conhecida, porém sem graça, para aventurar-se em busca do seu verdadeiro eu, do que realmente te faz feliz. Mesmo que, ao final dessa busca, você descubra que a graça estava no conhecido e necessite voltar, como aconteceu com o Palhaço. Como diz o belo samba de Paulinho da Viola: "Voltar quase sempre é partir para um outro lugar". Quando você sai e retorna, tudo pode estar em seu lugar, mas você nunca é o mesmo...
Viver e ter certezas muitas vezes não andam juntos. A vida pressupõe questionamentos sempre... Por isso é tão gratificante quando a gente consegue finalmente conquistar algumas certezas... No filme, Valdemar (Paulo José), pai do angustiado palhaço Pangaré, lançou a seguinte frase ao ver o filho insatisfeito com a profissão: "Nesta vida a gente tem de fazer o que sabe: o gato bebe leite, o rato come queijo, eu sou palhaço e você?"
E você? Já descobriu o que sabe fazer?