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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

terça-feira, 24 de junho de 2014

Mil e uma Mulheres de Chico (2011)

O texto é antigo. Mas por ocasião dos 70 anos de Chico Buarque segue a homenagem de quem é muito fã do artista.
Outro dia desses fui assistir ao show da cantora e compositora Teresa Cristina aqui em Brasília, um espetáculo de talento e simpatia. E um momento do espetáculo me chamou, particularmente, a atenção. Teresa entrou no palco com plumas ao redor de seu decote e um tom de sensualidade que envolveu todos os seus sentidos. Não só cantou, mas incorporou uma das tantas musas de Chico Buarque – Lily Braun. Ao final da música, ela desabafou algo mais ou menos assim: “Nem sempre dá pra ser uma mulher de Chico Buarque.Como é bom poder ser uma delas ao menos por 15 minutos “.
Parei para pensar… Chico Buarque já retratou muitas mulheres em suas composições e literatura  lindas, feias, pobres, ricas, corajosas, submissas, loucas, ousadas  e, talvez, ainda que por 15 minutos, deixemos extravasar algumas delas, ou todas elas. Certamente somos muitas delas …
Quem nunca foi uma Lily Braun: “Como num romance /O homem dos meus sonhos/Me apareceu no dancing/Era mais um/Só que num relance/Os seus olhos me chuparam/Feito um zoom…”
Quem nunca se sentiu uma Rita, levando o sorriso de alguém… Matando o amor… Deixando mudo um violão?
Qual de nós nunca teve os olhos fundos de dor de Carolina ou a ingenuidade materna, parte de não saber e parte de não querer saber sobre “nosso guri”, seja ele um filho, parceiro, amigo, ou você mesmo… Acreditar na falsa verdade por não suportar a realidade de todas as mentiras e acolher com orgulho: “Olha aí… é o meu guri”.
Quem nunca teve seus quinze minutos de Geni? De sentir-se maltrapilha, injustiçada, valendo pouco ou nada, por todos julgada e apedrejada? E mais outros tantos tempos da garra das mulheres de Atenas.
E qual de nós, vez por outra, não gosta de ser cuidada, protegida e acalentada como uma das meninas de Chico… Ter alguém que chegue, te abrace e diga que vai ficar tudo bem, ainda que você saiba que ele não pode fazer nada por você…”Pode o tempo marcar seus caminhos nas faces/com as linhas das noites de não/E a solidão maltratar as meninas/as minhas não…”
Cada uma tem um pouco da tristeza de Tereza e um dia de Januária na janela, que não se dá conta de sua graça tão singela… Tem o eterno amor de Yolanda e pode provocar chamas em um coração, como uma Divina Dama.
Louco é saber que somos muitas em uma só: Lily, Geni, Januária, Rita, Carolina… Depende do dia, depende do humor, de hormônios…Depende da companhia e da solidão, às vezes necessária, outras imperativa, mas que sempre faz refletir…Fico me perguntando se ele enxerga todas elas em nós… Na verdade, acho que nem mesmo nós as enxergamos, simplesmente somos “Mil e Uma Mulheres de Chico”.