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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escolhas...


Meu filho, de apenas cinco anos, outro dia desses me perguntou porque ele havia nascido. Eu, prontamente respondi: — Filho, mamãe queria muito uma criança exatamente como você e pedi ao “papai do céu” que realizasse o meu desejo. Eu te escolhi, filho.
Pensei que a resposta tivesse sido suficiente, mas para a minha surpresa ele respondeu com muita segurança: — Não foi assim, mamãe. Então eu perguntei: —E como foi então? E ele respondeu: —Eu te escolhi, mamãe. Eu te escolhi e você escolheu quem seria o meu pai.
Achei uma resposta tão cheia de sentido... Uma criança de apenas cinco anos já tem a percepção de que a vida é uma sucessão de escolhas, desde o princípio. Sobre algumas, temos total controle, outras, no entanto, são impostas pela vida, por Deus, Universo, seja lá qual for a crença que tenhamos, mas ainda assim são escolhas.
Muitas vezes me pego reclamando de situações em minha vida sem parar para pensar que elas são fruto exclusivo de minhas más escolhas. E como eu, muita gente liga o botão RECLAMAR e sai por aí se achando a vítima do mundo sem refletir sobre a causa do problema. —Estou estressado! Mas continua se entupindo de trabalho! — Estou gorda! Mas não decide mudar hábitos, incluir exercícios e uma alimentação saudável. —Quero um relacionamento! Mas não se dedica, não sabe ceder, não está disposto a dividir. —Não tenho dinheiro! Mas lota o armário de coisas desnecessárias.
Parece óbvio, mas colocar em prática nossas escolhas não é nada fácil. Muito menos aceitar que fizemos escolhas erradas, acho que dói mais... Fazer o quê? ¨Quem disse que viver é fácil?¨.
Uma amiga e assídua leitora aqui do blog, Giselda, me pediu há algum tempo, que escrevesse sobre a dor de uma separação e a aceitação de uma nova vida. Achei difícil escrever sobre o assunto... Mas quando, recentemente, ela me escreveu dizendo que superou e já tem proposta de casamento para o ano que vem, logo pensei, é isso aí garotinha, fez a escolha certa! Escolheu seguir, sair da dor... Fácil não deve ter sido, mas foi necessário e a recompensa de um novo amor só veio porque a escolha dela foi libertar-se do passado e se abrir para um novo relacionamento.
Fico feliz que Giselda escolheu bem e honrada com a escolha do meu filho. Só posso provar da grande experiência de amar incondicionalmente graças à escolha dele. Honrada e ciente da enorme responsabilidade que tenho com essa escolha, de ensinar, amar e conduzi-lo a caminhos que o leve a ter o maior número de escolhas acertadas nesta vida! E hoje, do nada, ele me disse: — Mãe, você é do jeitinho que eu escolhi! Te amo João, meu sábio menininho...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Louca perfeição


A busca incessante pela perfeição leva à loucura? Longe de mim tentar entender o que é loucura e o que é normal. Afinal, ¨de perto ninguém é normal¨. E parece mais difícil ainda tentar entender a tênue linha que separa a loucura da genialidade. Comecei a refletir sobre isso quando fui à exposição do Pixinguinha em Brasília e me chamou a atenção um dos textos onde tentam explicar o porquê de Pixinguinha haver trocado a flauta pelo saxofone. A última vez que ele tocou flauta foi em 1942, na Odeon, trocando-a pelo saxofone. Isso foi motivo de tristeza para fãs e críticos porque ele era considerado o melhor flautista do mundo. O motivo nunca ficou claro.
Quando ele mencionou o assunto, em 1944, disse: ¨Um dia cismei que não tocava mais como queria. Comecei a ter medo. Medo de que notassem os defeitos que eu notava na minha execução. Tempos depois, vi uma imagem do São Francisco de Assis falando aos peixes, que botavam as cabecinhas fora das ondas para ouvir o Santo. Pensei: Pixinga, você já tocou num navio e os peixes não botaram a cabecinha de fora. Você precisa aprender mais flauta, Pixinga! Parei com medo de ficar doido.¨
O escritor Edgar Allan Poe disse: Muitas pessoas já me caracterizaram como louco. Resta saber se a loucura não representa talvez a forma mais elevada de inteligência. Muito antes, o filósofo Platão acreditava numa espécie de loucura divina como base fundamental de toda criatividade e Sócrates atribuia a condução da vida ao seu demônio, a sua voz interior. O pintor Vicent Van Gogh foi, por muitos, considerado louco. E a lista de gênios que ficaram ou atravessaram os limites entre a ¨normalidade¨ e a loucura é interminável...
Pixingunha parou. O medo da loucura foi seu freio. E esse momento de lucidez não o impediu de continuar sendo um gênio da música brasileira: compositor, instrumentista, arranjador e maestro de um talento incrível. Talvez a genialidade inclua a sabedoria de percebermos que a perfeição é inalcansável.
Vejo muita gente aflita tentando buscar a perfeição. Saindo do mundo da arte, não faltam exemplos de pessoas que tentam a todo custo ultrapassar as barreiras dos seus limites para provar sua genialidade e o mundo vai sendo preenchido cada vez mais pela frustração. É o pensamento de quem não acha suficiente ser bom, de quem busca a perfeição em tudo.
Talvez seja um aspecto importante da vida conhecer nossos limites. Buscar melhorar é necessário sempre, o que é muito diferente de querer atingir a perfeição, um ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito. Afinal, tentar chegar a uma circunstância que não possa ser melhorada é trilhar por caminhos ilusórios.
É por isso que fico com o ensinamento e a sabedoria do mestre Pixinguinha de saber parar quando percebeu que a sua busca pela perfeição o enlouqueceria. Como bem disse o escritor Johann Goethe:¨O homem que sabe reconhecer os limites da sua prórpria inteligência está mais perto da perfeição¨.