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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Louca perfeição


A busca incessante pela perfeição leva à loucura? Longe de mim tentar entender o que é loucura e o que é normal. Afinal, ¨de perto ninguém é normal¨. E parece mais difícil ainda tentar entender a tênue linha que separa a loucura da genialidade. Comecei a refletir sobre isso quando fui à exposição do Pixinguinha em Brasília e me chamou a atenção um dos textos onde tentam explicar o porquê de Pixinguinha haver trocado a flauta pelo saxofone. A última vez que ele tocou flauta foi em 1942, na Odeon, trocando-a pelo saxofone. Isso foi motivo de tristeza para fãs e críticos porque ele era considerado o melhor flautista do mundo. O motivo nunca ficou claro.
Quando ele mencionou o assunto, em 1944, disse: ¨Um dia cismei que não tocava mais como queria. Comecei a ter medo. Medo de que notassem os defeitos que eu notava na minha execução. Tempos depois, vi uma imagem do São Francisco de Assis falando aos peixes, que botavam as cabecinhas fora das ondas para ouvir o Santo. Pensei: Pixinga, você já tocou num navio e os peixes não botaram a cabecinha de fora. Você precisa aprender mais flauta, Pixinga! Parei com medo de ficar doido.¨
O escritor Edgar Allan Poe disse: Muitas pessoas já me caracterizaram como louco. Resta saber se a loucura não representa talvez a forma mais elevada de inteligência. Muito antes, o filósofo Platão acreditava numa espécie de loucura divina como base fundamental de toda criatividade e Sócrates atribuia a condução da vida ao seu demônio, a sua voz interior. O pintor Vicent Van Gogh foi, por muitos, considerado louco. E a lista de gênios que ficaram ou atravessaram os limites entre a ¨normalidade¨ e a loucura é interminável...
Pixingunha parou. O medo da loucura foi seu freio. E esse momento de lucidez não o impediu de continuar sendo um gênio da música brasileira: compositor, instrumentista, arranjador e maestro de um talento incrível. Talvez a genialidade inclua a sabedoria de percebermos que a perfeição é inalcansável.
Vejo muita gente aflita tentando buscar a perfeição. Saindo do mundo da arte, não faltam exemplos de pessoas que tentam a todo custo ultrapassar as barreiras dos seus limites para provar sua genialidade e o mundo vai sendo preenchido cada vez mais pela frustração. É o pensamento de quem não acha suficiente ser bom, de quem busca a perfeição em tudo.
Talvez seja um aspecto importante da vida conhecer nossos limites. Buscar melhorar é necessário sempre, o que é muito diferente de querer atingir a perfeição, um ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito. Afinal, tentar chegar a uma circunstância que não possa ser melhorada é trilhar por caminhos ilusórios.
É por isso que fico com o ensinamento e a sabedoria do mestre Pixinguinha de saber parar quando percebeu que a sua busca pela perfeição o enlouqueceria. Como bem disse o escritor Johann Goethe:¨O homem que sabe reconhecer os limites da sua prórpria inteligência está mais perto da perfeição¨.

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