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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Luiz Gonzaga, saudade no coração



Estamos comemorando o centenário de Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião". O músico era hábil em tocar na sanfona valsas, jazz, mazurcas europeias e outros estilos comuns da época, mas foi tocando os ritmos tradicionais nordestinos que ganhou reconhecimento. Hoje, é reverenciado pelo xote, xaxado, toada, forró, além do baião.

Adoro ouvir suas melodias apimentadas e recheadas de convites para dançar, amar, namorar, chamegar... Quando sua sanfona chora, todos os sentidos misturam-se, uma verdadeira sinestesia. O ritmo te faz ouvir as cores e o cheiro do Nordeste, do suor exalado no forró, das comidas típicas e das coloridas bandeirolas do São João, e te remetem à visualização do molejo das tantas Mariquinhas que dançam uma boa mazurquinha.

Com o mesmo parceiro da música Dança Mariquinha, o compositor fluminense Miguel Lima, Luiz Gonzaga fez Quer ir mais eu? Vamo, vambora! A letra e o ritmo são um verdadeiro convite a tudo de bom que a sensualidade nordestina pode oferecer. Um convite tão irrecusável que se não for aceito, quem convidou vai sozinho. "Quer ir mais eu?/Vamo/Quer ir mais eu?/ Vambora/ Vambora, vambora, sem demora/ Deixa a roupa na corda/Que não vai chover agora/ Mas se você quiser ficar/ Eu vou ali, vou ali/ E volto já".

E você se sente verdadeiramente acochada e intimada a dançar quando ouve: "Eu vou mostrar pra vocês/ como se dança o baião/ e quem quiser aprender/ é favor prestar atenção/ morena chega pra cá/ bem junto ao meu coração/ agora é só me seguir/ pois eu vou dançar o baião". A música foi feita em parceria com Humberto Teixeira.

E por aí vai... A saudade cantada do Nordeste faz a gente ver a lua que só existe no sertão "Não há, ó gente, ó não, luar como esse do sertão.../oh! que saudade do luar da minha terra, lá na serra branquejando folhas secas pelo chão.../este luar cá da cidade tão escuro não tem aquela saudade do luar lá do sertão".

Ou essa mesma saudade nos remete aos tempos inocentes da infância com o Xote das meninas que abandonam as bonecas quando apresentadas à paixão. "Toda menina que enjoa da boneca/ é siná que o amor já chegou no coração".
É um centenário especialmente comemorado agora em épocas de festas juninas e com razão, afinal ele é o maior ídolo musical da cultura nordestina. Cantou as alegrias e as tristezas do sertão e migrou, como a ave Asa Branca, deixando saudade no nosso coração.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um toque de imaginação na dura realidade


Assisti a um peça de teatro intitulada Isso é o que ela pensa. Susan, uma mulher de meia idade, de classe média, cai no jardim de sua casa. A partir desse acidente, passa a relacionar-se com uma família imaginária, paralela à sua: são figuras idealizadas e extremamente privilegiadas. Essa família é exatamente o oposto da sua: seu marido, um vigário convencido; sua cunhada, uma péssima cozinheira e seu filho adepto de uma seita onde ficou recluso durante anos sem poder falar com a mãe e o pai.

Fiquei pensando em quantas pessoas sobrevivem do imaginário por não conseguir encarar a real dureza de suas cruzes ou que buscam no imaginário a alegria que não pode ser extraída da vida real. Vi uma foto postada no facebook que mostra bem o segundo caso. São meninos, com instrumentos feitos de madeira que não tocam: as guitarras são pedaços de pau sem cordas, o pandeiro, uma bacia, a bateria, galões de plástico e microfones imaginários. E colocaram a frase de Fernando Pessoa: " A arte nasce quando viver não é o suficiente para exprimir a vida".

O imaginário salva...Ainda bem que temos esse poder. Uma vida imaginária fruto da tristeza, no caso da personagem Susan, mas uma imaginação totalmente criativa e alegre como no caso dos meninos que não tinham dinheiro para comprar instrumentos de verdade, mas se realizaram em sua arte ilusória. Como disse o filósofo Nietzsche: "A arte existe para que a verdade não nos destrua".

De uma maneira ou de outra, viver em mundos imaginários torna-se fuga necessária. Acho que as crianças são mais competentes quando se trata de buscar alegria na imaginação. A gente vai envelhecendo e vai perdendo um pouco desse poder. Quando sente-se só, logo a criança cria um amigo imaginário; se não tem presentes, imagina que a caixinha de fósforo é um carro, um papel amassado vira uma bola, duas latinha e um barbante, um telefone. E é tudo muito lúdico e lindo e a realidade torna-se mais leve... Adulto vai perdendo essa capacidade de criar, de brincar, e então, só se volta ao imaginário quando não dá conta mais da vida, como no caso de Susan. Claro que existem adultos que não perderam completamente a sua capacidade de imaginar como crianças, mas infelizmente, a maioria, sim.

O desafio do adulto é saber dosar os dois mundos, acho que a criança faz isso melhor. Não é nada simples, mas cabe em muitas situações da vida. Então, se faltarem instrumentos, a gente canta, esfrega a faca no prato, batuca no fundo do balde; se bater a solidão, a gente vai em busca daquele amigo que só se tornou imaginário pelas contingências da vida; se faltar colo do pai e da mãe, a gente imagina que o do amigo é tão caloroso quanto; se faltar um banquete, a gente imagina que o sanduíche tornou-se um; se faltar o amor, a gente imagina que estamos a um passo de encontrá-lo. E quem sabe os dias tornem-se mais leves e a realidade menos dura!

Feliz imaginação

Quando imagino felicidade
foge de mim a dor
corre veloz, voa distante
pois em mim não encontra ardor

Quando imagino felicidade
o corpo deixa de ser teso
a alma brilha liberta
a mente livra-se do peso

Quando imagino felicidade
vejo-a com rosto de criança
com sorriso impregnado
marcado em minha lembrança

Quando imagino felicidade
tristeza fica deprimida
toma logo distância
busca logo a partida.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Presentes atrasados



Hoje é aniversário do amor da minha vida, meu lindo menininho está fazendo seis anos. Então, pela manhã, entre beijos, guerra de travesseiros e abraços apertadíssimos ele me disse:  Mãe, você vai ganhar um monte de presentes junto comigo, né? Seu aniversário foi semana passada, por que você ainda recebe presentes?
Só me ocorreu a seguinte resposta:  Filho, até Deus atrasou um pouquinho para me dar o maior presente da minha vida que é você. Meu aniversário é no dia 04 e você só veio no dia 14!
Brincadeiras a parte, depois fiquei pensando no quanto somos ansiosos quando se trata da realização de nossos pedidos. Esperei 32 anos e 10 dias pelo maior presente da minha vida e me sinto totalmente ansiosa em relação a desejos infinitamente menos importantes... Louco, não?
Então, acho que a maturidade nos traz alguns ensinamentos. Um deles é saber que o tempo de Deus não é o mesmo que o nosso. É uma frase que vivem repetindo por aí, mas só a experiência nos ajuda a colocá-la em prática. Não adianta a gente querer por querer, é preciso estarmos preparados para receber. Talvez seja esse o motivo de o "presente" não chegar no nosso momento, muitas vezes nem nós mesmos nos damos conta de que ainda estamos imaturos para encarar determinada situação.
Outro ensinamento é darmos a devida valoração ao acontecimentos e pessoas que nos cercam. Quando a gente souber fazer isso, nos daremos conta de que somos privilegiados e de que a vida nos presenteia a todo tempo, de várias maneiras, seja com a presença de pessoas importantes ou com um belo pôr do sol, um ipê rosa mega florido.
Hoje eu tenho um duplo agradecimento à vida. Por meu pequeno, que nem tenho palavras para descrever o tamanho da sua importância, porque é um tanto tão infinitamente grande que nem cabe em mim, que nem sei dizer. E por outro presente que não esperei tanto tempo assim para receber, nem três anos... Coincidência ou não, hoje também é aniversário da minha irmãzinha (tão pequenininha) que também amo tanto.
Agradeço a Deus pelos "presentes atrasados", no meu caso são os melhores e mais amados!
Beijo, saúde, felicidade e muito amor para os dois!!!!! 

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Músico e a Poetisa (para os amores contrariados)



Você vive entre os sustenidos
e nas letras busco sentidos
Caminhas pela clave de sol
e do alfabeto vivo em prol

DÓ RÉ MI FA SOL ...
...
Nas músicas vejo palavras
suas melodias a elas dão asas
as letras juntam-se em ilhas
você as transforma em trilhas

... LÁ SI DÓ

Mas o que é a poesia
sem a tua melodia?
É ponto sem nó
amor sem dó

Quero uma partitura completa
que não seja breve, nem semibreve
Repleta de bequadros e bemóis
como iscas em anzóis

Ainda que seja confusa
com suas fusas e semifusas
partitura em branco é muito só
encha-a de notas e amor sem dó

...RÉ MI FA SOL ...
por Anoushe Duarte 


Feliz dia dos namorados!