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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um toque de imaginação na dura realidade


Assisti a um peça de teatro intitulada Isso é o que ela pensa. Susan, uma mulher de meia idade, de classe média, cai no jardim de sua casa. A partir desse acidente, passa a relacionar-se com uma família imaginária, paralela à sua: são figuras idealizadas e extremamente privilegiadas. Essa família é exatamente o oposto da sua: seu marido, um vigário convencido; sua cunhada, uma péssima cozinheira e seu filho adepto de uma seita onde ficou recluso durante anos sem poder falar com a mãe e o pai.

Fiquei pensando em quantas pessoas sobrevivem do imaginário por não conseguir encarar a real dureza de suas cruzes ou que buscam no imaginário a alegria que não pode ser extraída da vida real. Vi uma foto postada no facebook que mostra bem o segundo caso. São meninos, com instrumentos feitos de madeira que não tocam: as guitarras são pedaços de pau sem cordas, o pandeiro, uma bacia, a bateria, galões de plástico e microfones imaginários. E colocaram a frase de Fernando Pessoa: " A arte nasce quando viver não é o suficiente para exprimir a vida".

O imaginário salva...Ainda bem que temos esse poder. Uma vida imaginária fruto da tristeza, no caso da personagem Susan, mas uma imaginação totalmente criativa e alegre como no caso dos meninos que não tinham dinheiro para comprar instrumentos de verdade, mas se realizaram em sua arte ilusória. Como disse o filósofo Nietzsche: "A arte existe para que a verdade não nos destrua".

De uma maneira ou de outra, viver em mundos imaginários torna-se fuga necessária. Acho que as crianças são mais competentes quando se trata de buscar alegria na imaginação. A gente vai envelhecendo e vai perdendo um pouco desse poder. Quando sente-se só, logo a criança cria um amigo imaginário; se não tem presentes, imagina que a caixinha de fósforo é um carro, um papel amassado vira uma bola, duas latinha e um barbante, um telefone. E é tudo muito lúdico e lindo e a realidade torna-se mais leve... Adulto vai perdendo essa capacidade de criar, de brincar, e então, só se volta ao imaginário quando não dá conta mais da vida, como no caso de Susan. Claro que existem adultos que não perderam completamente a sua capacidade de imaginar como crianças, mas infelizmente, a maioria, sim.

O desafio do adulto é saber dosar os dois mundos, acho que a criança faz isso melhor. Não é nada simples, mas cabe em muitas situações da vida. Então, se faltarem instrumentos, a gente canta, esfrega a faca no prato, batuca no fundo do balde; se bater a solidão, a gente vai em busca daquele amigo que só se tornou imaginário pelas contingências da vida; se faltar colo do pai e da mãe, a gente imagina que o do amigo é tão caloroso quanto; se faltar um banquete, a gente imagina que o sanduíche tornou-se um; se faltar o amor, a gente imagina que estamos a um passo de encontrá-lo. E quem sabe os dias tornem-se mais leves e a realidade menos dura!

Feliz imaginação

Quando imagino felicidade
foge de mim a dor
corre veloz, voa distante
pois em mim não encontra ardor

Quando imagino felicidade
o corpo deixa de ser teso
a alma brilha liberta
a mente livra-se do peso

Quando imagino felicidade
vejo-a com rosto de criança
com sorriso impregnado
marcado em minha lembrança

Quando imagino felicidade
tristeza fica deprimida
toma logo distância
busca logo a partida.

2 comentários:

  1. Anoushe, talvez Susan precisou viver a ‘síndrome de Poliana’ para encarar a vida de outra forma, que para ela, fosse a mais conveniente. Viver a realidade e ter os dois pés no chão não é tarefa lá muito fácil em face à dureza da vida. Adorei amiga!! Bjocas, Ianne

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  2. Verdade, Flor! Mas ao mesmo é triste saber que a gente precisa
    recorrer a esse tipo de "válvula de escape" para sobreviver, não é? Obrigada pelo comentário!
    beijo grande!

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