Estamos
comemorando o centenário de Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião".
O
músico era hábil em tocar na sanfona valsas, jazz, mazurcas
europeias e outros estilos comuns da época, mas foi tocando os
ritmos tradicionais nordestinos que ganhou reconhecimento. Hoje, é
reverenciado pelo xote, xaxado, toada, forró, além do baião.
Adoro
ouvir suas melodias apimentadas e recheadas de convites para dançar,
amar, namorar, chamegar... Quando sua sanfona chora, todos os
sentidos misturam-se, uma verdadeira sinestesia. O ritmo te faz ouvir
as cores e o cheiro do Nordeste, do suor exalado no forró, das
comidas típicas e das coloridas bandeirolas do São João, e te
remetem à visualização do molejo das tantas Mariquinhas que dançam
uma boa mazurquinha.
Com
o mesmo parceiro da música Dança
Mariquinha,
o compositor fluminense Miguel Lima, Luiz Gonzaga fez Quer
ir mais eu? Vamo,
vambora! A letra e o ritmo são um verdadeiro convite a tudo de bom
que a sensualidade nordestina pode oferecer. Um convite tão
irrecusável que se não for aceito, quem convidou vai sozinho. "Quer
ir mais eu?/Vamo/Quer ir mais eu?/ Vambora/ Vambora, vambora, sem
demora/ Deixa a roupa na corda/Que não vai chover agora/ Mas se você
quiser ficar/ Eu vou ali, vou ali/ E volto já".
E
você se sente verdadeiramente acochada e intimada a dançar quando
ouve: "Eu vou mostrar pra vocês/ como se dança o baião/ e
quem quiser aprender/ é favor prestar atenção/ morena chega pra
cá/ bem junto ao meu coração/ agora é só me seguir/ pois eu vou
dançar o baião". A música foi feita em parceria com Humberto
Teixeira.
E
por aí vai... A saudade cantada do Nordeste faz a gente ver a lua
que só existe no sertão "Não há, ó gente, ó não, luar
como esse do sertão.../oh! que saudade do luar da minha terra, lá
na serra branquejando folhas secas pelo chão.../este luar cá da
cidade tão escuro não tem aquela saudade do luar lá do sertão".
Ou
essa mesma saudade nos remete aos tempos inocentes da infância com o
Xote
das meninas
que abandonam as bonecas quando apresentadas à paixão. "Toda
menina que enjoa da boneca/ é siná que o amor já chegou no
coração".
É
um centenário especialmente comemorado agora em épocas de festas
juninas e com razão, afinal ele é o maior ídolo musical da cultura
nordestina. Cantou as alegrias e as tristezas do sertão e migrou,
como a ave Asa Branca, deixando saudade no nosso coração.
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