Quem eu sou

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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vazio ao lado

Na semana passada assisti a uma peça de teatro chamada "A Carne do Mundo". O espetáculo é denso, com recursos da psicanálise e da literatura, e tem a proposta de discutir as perversões presentes no dia-a-dia das relações amorosas. E o que mais me chamou a atenção foram os diálogos. Lamentei, mais uma vez, não ter onde anotar algumas frases que me impactaram.

Em algum momento da peça, um deles (do casal) levantou a questão do vazio ao lado: como é conflitante conviver diariamente com uma pessoa, dormir na mesma cama, compartilhar seu corpo, sua rotina e não ter a menor ideia do que se passa na mente e na alma do seu companheiro(a). Ao menos essa foi a minha leitura do que pode ser o vazio ao lado. E isso vale não só para o seu companheiro(a), mas para o colega de trabalho ao lado, mãe, pai, filho(a), vizinho(a), seus empregados(as), enfim...

É muito difícil transpor a obviedade da rotina e penetrar no universo alheio... Ou seja, se ela(e) está comendo, bebendo, trabalhando, logo, está feliz. Será? Talvez você não se pergunte porque te doa muito saber... Mais fácil então manter-se numa zona de conforto, que reforça a solidão acompanhada — não sei o que te incomoda, não sei o que você gosta, não sei o que você quer, não sei o que você sente. A gente vive mesmo é se cercando de justificativas que nos impedem de avaliar o quão ausente somos na vida alheia. E se a consciência não pesa — não ligo porque ele(a) não liga, não pergunto porque ele(a) é fechado(a), não abraço porque ele(a) não gosta — a gente segue achando que está oferecendo o melhor de si.

E é uma via de mão dupla. Você acaba se tornando tão bom em não perguntar e não responder que, dependendo do tempo que permaneça nesse jogo, descobre que já nem sabe mais o que esconder: um dia você acorda e já não sabe mais o que você gosta, o que você quer, quem é você. Doido o ser humano, não? Como a gente complica onde não deveria existir complicação...

Li um trecho de uma crônica da Marta Medeiros, referindo-se a relacionamentos amorosos, e finalizo com ele para vocês refletirem um pouco mais...
"... Mas amar também dói muito quando ele não sabe o que você sente. Não engane tal pessoa, não seja grosso(a) e rude esperando que ela(e) adivinhe o que você quer. Não o force a terminar contigo, pois a melhor forma de ser respeitado é respeitando."

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DOIS EM UM

Não sou crítica de gastronomia, mas gostaria de compartilhar minhas impressões sobre um restaurante da cidade. Leiam e fiquem à vontade para lançar comentários. Um abraço!

Dia desses fui com uma amiga almoçar em um restaurante novo da cidade. A fachada me chamou a atenção e eu quis experimentar. Pensei que poderia ser interessante almoçar em um lugar ao lado de uma galeria de arte e ver gente interessante. Além disso, o cardápio me chamou a atenção e me deu uma vontade enorme de comer o filé ao molho de shitake acompanhado de arroz com parmesão – no site, a foto era bonita e me deu água na boca.
Fomos então, numa sexta-feira, almoçar no tal restaurante. Quando chegamos fiquei intrigada – era meio-dia e só eu e minha amiga no restaurante inteirinho! Até perguntei se o restaurante já estava aberto e realmente ele estava.
Já sentadas na mesa e pondo a fofoca em dia, eu e minha amiga sentimos um certo alívio ao ver a mesa ao lado ocupada – não éramos mais as únicas do restaurante. Finalmente uma boa surpresa: o garçom era muito gentil e, apesar de não estarem mais servindo o prato promocional que tanto queríamos, resolveram abrir uma exceção e nos trouxeram o tal filé.
O prato era muito bonito e realmente dava vontade de comer, mas a primeira decepção: a temperatura do filé estava inadequada – morno...um prato morno não me diz muita coisa. Fiquei me empenhando em misturar o risoto com o filé para tentar, com o calor do arroz, dar uma esquentadinha no filé. A idéia deu certo e consegui saborear o prato – o tempero era realmente muito bom! Comentei com minha amiga sobre a temperatura do meu prato, pois sou meio exigente com isso – como disse acima, o primeiro requisito para apreciar qualquer comida é que ela esteja quente, muito quente, fumaçando! Para meu alívio, eu não era tão exigente assim, minha amiga também achou o mesmo que eu: a comida poderia ser mais quente. Logo após, veio a sobremesa -mal podíamos esperar pelo brownie com sorvete! Já podíamos imaginar a calda quente de chocolate derretendo o sorvete de creme e a gente suspirando...Infelizmente, a sobremesa também deixou a desejar – o brownie até que estava quente, mas era tão duro que eu tinha medo de espetar e dar um daqueles vexames do pedaço ir parar lá na outra mesa.
Tenho que confessar que sugeri ao garçom alterar a temperatura do filé, mas não tive coragem de falar sobre o brownie – ele era muito educado, prestativo e quando perguntou se a sobremesa estava boa, só tive coragem de dizer que sim.
Ao final do almoço, minha amiga comentou comigo que já havia estado naquele restaurante para curtir uma banda de pagode. Fiquei chocada! Como aquele restaurantezinho tão charmoso poderia abrigar um monte de gente sambando, se batendo e se agarrando? Vai ver é que eu é que estava errada nas minhas impressões, pois como diz o velho ditado “quem não tem cão, caça com gato”.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mais perto das estrelas

Acabei de chegar de um lugar onde as pessoas dizem que estão mais perto das estrelas! Aí você imagina algum paraíso como o Taiti, com suas águas transparentes, bebidas exóticas e milhares de casais lindos, ricos, felizes e apaixonados circulando... Ou talvez Paris, Fernando de Noronha. Mas eu ouvi isso de uma taxista em Bogotá, na Colômbia. Ao me explicar que a capital colombiana fica a 2.640 metros acima do nível do mar, ela parou, respirou fundo e disse: "aqui a gente está mais perto das estrelas". Quer dizer, ela poderia enxergar o fato de estar a essa altitude como um problema  ar rarefeito, coração com mais dificuldade de bombear oxigênio, náuseas, tonturas  mas preferiu ver a poética vantagem: estar mais perto das estrelas.
Enxergar um mesmo fato de uma maneira otimista ou pessimista é realmente uma escolha. É claro que não estou falando das mazelas que acontecem em nossas vidas, de onde dificilmente pode-se enxergar algo positivo, ao menos imediatamente. Estou falando das reclamações desnecessárias. Quantas vezes nos tornamos "reclamadores de plantão". Já vi gente na beira da praia, hospedado em um hotel seis estrelas, com a cara amarrada porque o garçom demorou um pouco para trazer o troco... E por aí vai: ganha R$ 10 mil de salário que "não dá pra nada"... está deprimida e não sai de casa porque engordou dois quilos... o trabalho é uma porcaria porque só tem um mês de férias, enquanto alguns mexicanos, por exemplo, têm menos de 10 dias no início da carreira.
É certo que devemos tomar cuidado para não entrarmos numa busca desenfreada por um estado de felicidade absoluta. Isso não existe: os momentos ruins estão aí para serem vividos e superados, os pequenos tiranos estão aí para nos testar e nos tornar mais fortes, nunca tudo vai ser 100% bom e perfeito, a começar de nós mesmos. Mas "...tem gente que vive chorando de barriga cheia..." como diria o filósofo Zeca Pagodinho. Tirando as fatalidades da vida, quando é realmente preciso chorar, existem momentos em que podemos, sim, optar pela felicidade e quem sabe morar mais perto das estrelas.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Rótulos e padrões"

 "Prefiro as coisas boas de estar fora do padrão do que as coisas boas de ser padronizada". Essa frase foi dita por uma grande amiga minha durante uma de nossas tantas conversas sobre comportamento e sobre a vida. O tema era relacionamento e rótulos. A reflexão que ela fez, e até se dispôs a pesquisar mais sobre o assunto, como boa jornalista que é, foi a seguinte: estamos vivendo em tempos muito rotulados, cheios de padrões. Eu tive que concordar e principalmente reconhecer que certos rótulos partem de mim mesma  da minha criação, dos tabus impostos, de verdades aceitas e não contestadas  mas ao menos cheguei à conclusão de que venho eliminando paulatinamente esses padrões e cárceres da minha vida e, com certeza, esses rótulos têm uma importância bem menor hoje em dia do que já tiveram.

Exemplos... Exemplos são sempre bons... Deixamos escapar pessoas muito bacanas em nossas vidas porque não se encaixam em certos padrões. Já vi algumas pessoas deixarem de se relacionar com outras porque o fulano ou a fulana não tem carro, ou não ganha acima de "X", ou não mora em um local privilegiado e sim em um subúrbio, ou porque já tem filhos, ou porque não cursou uma faculdade, ou porque há diferença de idade. Quer dizer, os reais valores, que verdadeiramente importam vão para debaixo do tapete... Às vezes vemos aquela família "padrão"  papai, mamãe, um filho e uma filha  aparentemente feliz e não sabemos o que se passa nos bastidores, afinal, "o jardim dos outros sempre nos parece mais belo". A felicidade não está necessariamente no "padrão", talvez esse modelo não te sirva. Até porque a cada dia podemos recriar padrões, já que nós os inventamos. E se nós os inventamos devemos tomar as rédeas da situação e colocá-los em seu devido lugar, mostrar quem manda e não deixar que eles guiem nossas vidas.

Hoje em dia, no quesito relacionamento, há de tudo. As pessoas inventam maneiras de se relacionar que vovó nunca pensou que um dia iriam existir. As três formas  namoro, noivado e casamento  se multiplicaram... Só para citar alguns tipos de relacionamento: o ficante, o sexo casual, o casamento em casas separadas, ou em cidades separadas, ou casamento aberto... E, outro dia, descobri que existe também o namoro entre aspas. Dentro de cada modalidade de relacionamento existem outras tantas subdivisões, então nem vale a pena aqui eu tentar explicar o que cada uma delas quer dizer, até porque não ia conseguir mesmo... Mas para citar outro exemplo, conversando com um colega de trabalho descobri que há alguns anos ele se relaciona da seguinte maneira: liga somente nos finais de semana para as namoradas com aspas justamente para que não se caracterize um namoro sem aspas. Meio confuso, não? Mas foi a maneira que ele encontrou de estar bem.

Enfim, enquanto o tipo de relacionamento for devidamente esclarecido e acordado entre as partes, qualquer nome que se der está valendo, o importante é estar bem... Talvez a gente só deva parar e pensar bem sobre qual dessas variedades se encaixam melhor para a nossa vida, para depois não se sentir frustrado ou injustiçado. Será que o ideal para você é um casamento em casas separadas, ou aberto, ou tradicional? Será que é suficiente para você ser uma namorada de fim de semana, ou melhor mesmo é um namoro sem aspas? Não existe o ideal, o padrão... Talvez a felicidade esteja em você encontrar alguém que queira o mesmo tipo de relacionamento que você, seja ele qual for.... porque aí sim há mais chance de se construir algo sólido, um jardim verdadeiramente belo.