Um amigo outro dia desses fez a seguinte observação: "Na física moderna a medição do tempo é relativa, será que para nós o tempo também não é relativo em relação à qualidade do seu uso?" Ele então me explicou o que estava tentando dizer com isso. A sensação que temos quando somos crianças é de que o tempo passa lentamente. No entanto na vida adulta, o tempo se torna artigo de luxo, quase não o vemos passar, voa... Por que isso acontece? Começamos a refletir a respeito...
Quando criança, desfrutamos a maior parte do tempo. Tudo é leve, sem grandes pretensões. Não há nada com que nos preocupar, a ingenuidade nos protege de questionamentos desnecessários, de pessoas desnecessárias, enfim, fora o que cabe ao processo de educação e ao que nos puser em risco de vida, quase todo o resto é permitido. Parece então que leva uma eternidade para se ter 10 anos e outra para chegar aos tão sonhados 18... Depois disso, o intervalo entre janeiro e dezembro parece reduzido a pó, as ocupações e preocupações se apoderam do nosso tempo... Ele fica lá encarcerado, abduzido.
É fato que não se pode ser eternamente criança. É mais fato ainda que continuaremos a pagar contas e a resolver todos os questionamentos e problemas que a vida adulta nos traz. Mas, com certeza, a gente pode libertar de vez em quando o nosso tempo desse cárcere de preocupações e fazer coisas que nos deixam felizes, que nos remetam ao tempo de criança. Talvez assim ele não passe com tanta velocidade, talvez assim possamos enxergá-lo melhor e conseguir, enfim, desfrutá-lo com mais qualidade. Será? Nada perdemos em tentar.
Fazer o exercício de melhorar a qualidade do nosso tempo é o grande desafio da vida. Se tivermos o cuidado de relaxar mais, prestarmos mais atenção às pessoas que nos provocam boas sensações, perdemos menos energia com sentimentos inúteis, talvez tenhamos a sensação de que o tempo passe mais devagar. As responsabilidades vão continuar a bater em nossa porta, mas dar o devido lugar ao que é da vida adulta nos permite reservar espaço para sermos crianças também. Isso inclui brincar, ter melhores amigos, dançar, ter prazer em comer, abraçar e beijar muito quem se ama, se lambuzar de sorvete, definir o que se gosta de fazer e fazer... Tempo é relativo, é a gente que faz... Então certamente sempre haverá espaço para deixar vir a tona nosso tempo de criança.
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