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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

terça-feira, 31 de maio de 2011

Somos uma assembleia


Saí com duas amigas e fui ao Centro Cultural Banco do Brasil assistir a mais uma palestra do projeto Escritores Brasileiros. Foi a vez do cronista, escritor e roteirista Alcione Araújo ter suas crônicas lidas pela atriz Eliane Giardini. Cronicas belíssimas, recheadas de sensibilidade e humanidade... Ri e chorei em vários momentos, não só durante a leitura dos textos, mas também durante a explicação dada pelo autor sobre o que o inspirou a redigir alguns deles... Mas uma das frases que mais me chamou atenção foi dita pela atriz Eliane Giardini: "Somos uma assembleia". Ela referiu-se aos vários diálogos que trava consigo... Como se a gente, internamente, se subdividisse em vários "eus", que conversam entre si, discordam, concordam, mostram vários pontos de vista, pedem a palavra, causam aquele burburinho, como se fossem mesmo  parlamentares tentando emplacar o seu projeto.

Não sei se interpretei corretamente o que a atriz quis dizer, mas quando penso em sermos um assembleia, logo me transporto àqueles dias em que parecemos verdadeiros malucos, perdidos em nossos pensamentos.
Se você tem uma apresentação importante no trabalho, por exemplo, desde o dia anterior começam as conversas internas: uma voz diz que será um sucesso, outra contra-argumenta: e se não for? Aí a primeira, que estava confiante, já pensa: ─ Realmente, não trabalhei bem o ponto tal. Daí outra atiça: Os diretores assistirão às palestras, podem falar mal. Resultado: uma noite inteira de insônia.

Uma vez, uma amiga travou uma verdadeira batalha interna, só porque o namorado deixou de ligar durante uma viagem que ele fez sozinho. Seus pensamentos tentaram convencê-la de que ele já não gostava mais dela ou que poderia estar com outra. Ficou triste, chorou,  em sua assembleia particular as mil e uma vozes dos parlamentares só deram parecer negativo. O projeto foi a plenário para primeira discussão, segunda discussão e foi aprovado com o ponto de vista negativo. Depois foi sancionado e publicado. E quando o namorado explicou que a bateria do seu celular havia descarregado, já era tarde. Ela já havia sido convencida pelos parlamentares e terminou o namoro.

Ser um templo de discussões internas é muito positivo se você consegue não se sabotar com pensamentos que distorcem a realidade ou que te fazem sofrer antecipadamente. Em alguns momentos da vida é inútil tentar tirar conclusões. Embora seja difícil, é preciso tentar manter o pensamento elevado. Ou simplesmente não pensar, como na meditação. Quem sabe a gente possa ao menos começar com um pequeno exercício de conduzir a votação desses nossos parlamentares internos. Podemos vetar um ou outro ponto negativo ou retirar a palavra de pensamentos ruins, cortando até o som do microfone se for preciso!

Elevar o pensamento é um exercício, viver é um exercício. Alguns dias teremos sucesso, em outros não. O importante é dar o primeiro passo: ter consciência de que aquela sucessão de pensamentos inúteis e ruins não leva a nada e tentar afastá-la. Assim como o alcoólatra que ainda não parou de beber, mas frequenta o AA porque já se assumiu compulsivo.

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