Esta semana assisti ao filme do diretor iraniano Abbas Kiarostame, "Cópia Fiel". Achei fantástico! Mas não é sobre os múltiplos questionamentos a que ele remete, como por exemplo a importância da discussão sobre o que é autêntico ou falsificado e o valor das cópias no mundo da arte ou as instabilidades do amor que quero falar. O que me chamou a atenção foi uma frase entre as muitas lançadas durante a narrativa. Em um charmoso café na Toscana, Itália, os protagonistas ─ um escritor e a dona de uma galeria ─ são confundidos como marido e mulher pela dona do estabelecimento. Quando o suposto marido sai para atender a uma ligação, a dona do café, uma senhora de meia-idade, começa a conversar sobre casamento e, a cada questão que a dona da galeria aponta como uma queixa em seu relacionamento, a senhora contra-argumenta mostrando o lado positivo. E solta a seguinte frase: "É burrice nossa ficarmos tristes por causa de um ideal".
Realmente, não existe casamento ideal ─ é sempre formado por dois imperfeitos. E vou além: nada é ideal. Talvez o ideal só exista no nosso imaginário. Então é mesmo muita burrice ficarmos tristes por algo que não existe, não é?
Buscar o ideal é escolher um caminho de frustrações. A gente quer sempre o melhor, mas o melhor é bem diferente da suprema perfeição (um dos significados de ideal). O "melhor"é relativo porque é sempre comparado a outra situação ou ser. Então, o seu "melhor" pode não ser o melhor para outro alguém. E as falhas do seu "melhor" podem ser tão pequenas aos seus olhos a ponto de não serem consideradas falhas por você. Mas sem falhas... Não há!
Busquemos o melhor que a vida nos reserva, dentro do que nos cabe escolher. O melhor companheiro, o melhor amigo, o melhor trabalho, o melhor chocolate, a melhor casa, a melhor alimentação, o melhor livro, as pessoas que nos proporcionam os melhores momentos... E o bom da vida vai ser descobrir que após cada "melhor" pode vir outro "melhor" ainda. Mas não vamos deixar que pequenas imperfeições nos angustiem, nos deixem tristes. E se essas pequenas imperfeições tornarem-se grandes demais, talvez seja a hora de começar a se questionar se essa pessoa ou situação é mesmo a melhor para você.
Anoushe!!!
ResponderExcluirULTRA parabéns pelo BLOG reformulado!
O blog é realmente muito bom.
E essa reflexão que você postou é fantástica!
Como nada acontece por acaso, vi que vc tinha postado a alguns dias, mas seria tão profundo para mim se tivesse lido antes.
Li no momento certo e bateu fundo!
Viva o AMIGAS DA LEITURA!!!
Amore, brigada pelo apoio sempre!!! E a vida é isso mesmo, os sopros de alerta chegam até nós de várias maneiras: atos, textos, filmes, diálogos. O importante é a gente identificar, né? Adoro seus comentários!
ResponderExcluirbeijo grande
Parabéns gostei muito desse texto que leva os leitores a verem a vida mais com o coraçao e nao apenas com a razao ao tentar buscar a perfeiçao em seres imperfeitos como nós, que esquecemos disso ao tentar buscar a perfeiçao no outro.
ResponderExcluirAbraços
Adorei seu comentário, Tadeu! A ideia é essa mesmo! um grande abraço
ResponderExcluir