Já se imaginou em uma loja de doces, aqueles não só deliciosos, mas dignos de confeitarias de Paris, sem poder prová-los? Você saliva de desejo, sua frio, seus sentidos voltam-se para uma sensação ausente — a do algo saciado, pois você simplesmente não pode. E a vontade cresce, quanto mais você imagina e deseja provar, mais te parece delicioso.... O imaginário cria forma, sabor, consistência e cheiro... Você pode sentir o cheiro do objeto do seu desejo a quilômetros de distância. Você quase pode falar com ele. Sonhar então...
Várias vezes a vida nos coloca em situações que nos tornam diabéticos em loja de doces. Basta querer e não poder que a temperatura sobe...Uma amiga curvou-se diante de um abraço — quente, frio, acalentador, abarrotador, apertaaaaadoooo, daqueles que sufocam e disparam o coração. Braços, mãos e dedos, uma aliança no dedo... e pronto — lá foi ela para a loja de doces sem poder comê-los. Um amigo derreteu-se por um par de olhos, sim, não foi um par de pernas. Pernas te prendem, mas um olhar te penetra... te desvenda...E esse olhar o cativou. Podia vê-lo onde estivesse, senti-lo, até se imaginava tocando os olhos da moça — portais para o seu olhar. Mas ele a viu uma única vez, perdida ou encontrada em uma multidão. Viu seu olhar uma única e solitária vez...e pronto: tornou-se um diabético em loja de doces.
Fosse o moço solteiro e a moça tivesse endereço certo despertariam-se assim todos os sentidos? Acordariam os monstros do desejo já estrategicamente neutralizados pela comodidade de pisar em terreno conhecido?
Por que o não poder provar aguça tanto nossa vontade? Pela simples curiosidade? Ou por se ter a certeza do nunca se concretizar? E se te aguças por algo que não terás, ainda que acordados, os monstros do desejo mantém-se sob controle... Risco calculado ou talvez até um não risco...
Sei não... o ser humano é muito doido... Se se curasse o diabético, talvez ele nem gostasse de chocolate...
Amei o texto!!!
ResponderExcluirPrincipalmente o final que se refere ao ser humano em geral: “Sei não... o ser humano é muito doido... Se se curasse o diabético, talvez ele nem gostasse de chocolate...”. Ele reflete a essência humana de achar que o inatingível é o melhor! Acha-se a grama do vizinho mais verde, a vida alheia mais simples.
Uma vez, eu li uma frase da qual não me recordo o autor: “A vida é bela, a gente que a empipoca”. Certamente somos todos diabéticos em busca do prazer da felicidade...
Super beijo!
inventandovida.blogspot.com