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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Diabético em loja de doces


Já se imaginou em uma loja de doces, aqueles não só deliciosos, mas dignos de confeitarias de Paris, sem poder prová-los? Você saliva de desejo, sua frio, seus sentidos voltam-se para uma sensação ausente — a do algo saciado, pois você simplesmente não pode. E a vontade cresce, quanto mais você imagina e deseja provar, mais te parece delicioso.... O imaginário cria forma, sabor, consistência e cheiro... Você pode sentir o cheiro do objeto do seu desejo a quilômetros de distância. Você quase pode falar com ele. Sonhar então...

Várias vezes a vida nos coloca em situações que nos tornam diabéticos em loja de doces. Basta querer e não poder que a temperatura sobe...Uma amiga curvou-se diante de um abraço — quente, frio, acalentador, abarrotador, apertaaaaadoooo, daqueles que sufocam e disparam o coração. Braços, mãos e dedos, uma aliança no dedo... e pronto — lá foi ela para a loja de doces sem poder comê-los. Um amigo derreteu-se por um par de olhos, sim, não foi um par de pernas. Pernas te prendem, mas um olhar te penetra... te desvenda...E esse olhar o cativou. Podia vê-lo onde estivesse, senti-lo, até se imaginava tocando os olhos da moça — portais para o seu olhar. Mas ele a viu uma única vez, perdida ou encontrada em uma multidão. Viu seu olhar uma única e solitária vez...e pronto: tornou-se um diabético em loja de doces.

Fosse o moço solteiro e a moça tivesse endereço certo despertariam-se assim todos os sentidos? Acordariam os monstros do desejo já estrategicamente neutralizados pela comodidade de pisar em terreno conhecido?

Por que o não poder provar aguça tanto nossa vontade? Pela simples curiosidade? Ou por se ter a certeza do nunca se concretizar? E se te aguças por algo que não terás, ainda que acordados, os monstros do desejo mantém-se sob controle... Risco calculado ou talvez até um não risco...
Sei não... o ser humano é muito doido... Se se curasse o diabético, talvez ele nem gostasse de chocolate...

Um comentário:

  1. Amei o texto!!!

    Principalmente o final que se refere ao ser humano em geral: “Sei não... o ser humano é muito doido... Se se curasse o diabético, talvez ele nem gostasse de chocolate...”. Ele reflete a essência humana de achar que o inatingível é o melhor! Acha-se a grama do vizinho mais verde, a vida alheia mais simples.

    Uma vez, eu li uma frase da qual não me recordo o autor: “A vida é bela, a gente que a empipoca”. Certamente somos todos diabéticos em busca do prazer da felicidade...

    Super beijo!

    inventandovida.blogspot.com

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