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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pai, seja "o" presente

 
Meu pai, no linguajar que lhe é peculiar, sempre diz a seguinte frase antes de um conselho: "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Essa frase vem preparar o terreno contra qualquer tentativa minha de me defender atacando: "Mas o senhor também já fez isso naquele dia". Com certeza a maioria das coisas sobre as quais ele me aconselha é realmente por experiência própria, é por ter feito errado e se lascado ou até mesmo por continuar fazendo errado e não querer que eu repita o erro. Mas eu, na minha inexperiente arrogância, sempre tento convencê-lo de que, por ele errar, não tem o direito de me chamar atenção... E sempre foi assim... Aos 15, aos 20, aos 30 e alguns... Porque se tem uma pessoa que também faz coisa errada, esse é o meu pai. Assim como eu, assim como cada um de nós que está aqui neste mundo, tentando acertar.

Mas uma coisa, entre tantas outras, ele sempre soube fazer bem: ser pai. Meu pai é pai integral. Coisa cada vez mais difícil nos dias de hoje... E ser pai integral nunca significou estar 24h juntos e muito menos viver a vida do filho. O pai integral se dedica ao trabalho, à esposa, aos seus prazeres pessoais... Ser pai integral é mais sentir do que, necessariamente, estar. Parece estranho eu, que sou mãe, e não pai, falar desse sentimento. Mas o maior beneficiário da dedicação e benção de ter um pai integral é mesmo o filho. Portanto, sinto-me capacitada e "avalizada" para dizer o que é ter um pai integral. É o sentimento de segurança, de poder contar sempre... Um sentimento construído ao longo da vida, mas sentido desde o primeiro encontro. É ter a certeza de que você não é um encaixe em sua vida... Ainda que ele seja daqueles que trabalham demais, viajam demais...

Enfim, sempre tive a certeza de que meu pai curtiu muito me trazer ao mundo. Presenciou cada acerto, sofreu junto cada derrota e sempre gostou da minha companhia. Nunca deixou que uma feição de tristeza minha passasse despercebido: sempre tive que dar uma explicação convincente para um olho vermelho de choro. Esse é o meu pai e gostaria que todos fossem assim: cheio de defeitos, como todos nós, mas com o propósito firme de tornar o filho "gente".

Hoje em dia vejo cada vez menos pais com esse propósito. Com certeza existem muitos, mas infelizmente também encontram-se muitos pais cujo 100% de doação ao filho é apenas 50%. Eu nem estou falando aqui do pai assassino, pedófilo ou o que some no mundo. Mas de outra figura: a do pai presente-ausente. É aquele que faz um pouquinho e assim arruma uma justificativa pra se sentir bem em relação ao filho e ao mundo. Pois como diria uma grande amigo: "O ser humano arruma justificativa para tudo". Ele está ali naqueles momentos que não dão muito trabalho e que não atrapalham o desenrolar da sua vida. Tudo que deixa de fazer pelo filho é privação e aí o entretenimento da criança deixa de ser o cineminha, o parquinho, o teatro para ser o chope com amigos, o futebol e qualquer outra programação adulta: a criança vira encaixe. É lógico que não falo do "de vez em quando". Afinal, é natural isso, às vezes, acontecer. Eu descrevo aqui o recorrente, quando estar junto se torna uma obrigação.

O pai presente-ausente paga as contas mas não pede explicações para um olho vermelho de tristeza; dá banho e alimenta, mas não retorna à infância para ensinar o filho a brincar; cura as dores físicas nos consultórios médicos, mas não se permite experimentar o prazer de estar exausto após longas rotinas com um filho e perceber que a benção dele existir e o seu sorriso fazem valer qualquer exaustão.

É por isso que eu agradeço a Deus por ter merecido um pai integral. E lanço o alerta para aqueles que nem se dão conta de que são pais presente-ausente: descubram o prazer em seus filhos, eles são a nossa maior conquista.

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