Incrível perceber como a natureza consegue nos presentear com algo lindo, mesmo em ambientes hostis. Em pleno cerrado, na secura do mês de agosto, quando a umidade chega a quase 10%, nascem as mais belas flores dos ipês, espalhados por todos os cantos de Brasília. São roxas, brancas e amarelas, mas as amarelas têm um colorido especial, contrastando com o céu bem azul da cidade. E é nessa época do ano, quando a poeira nos castiga e o calor é insuportável, que o por do sol é um dos mais belos do cerrado. As cores são densas, lembram rajadas de fogo que se perdem no horizonte quase desértico. Um espetáculo a cada anoitecer...
Sem fugir à regra da natureza, parece que a vida também é assim. Naqueles momentos mais difíceis, árduos, secos, ela (a vida) sempre te presenteia com uma situação ou pessoa que te dá forças para superar. São vários testes, como na natureza, para conseguirmos enxergar o que de fato consegue brotar em meio às piores condições. Afinal, brotar em terreno fértil, em climas amenos é fácil...
Nos momentos de doença, sempre surge uma boa alma que segura a sua mão e diz que tudo vai dar certo. Pode ser o seu companheiro, alguém de sua família, ou um perfeito estranho... Quando você se muda para uma outra cidade, ou até mesmo um país distante, e a saudade aperta, a vida te presenteia com um novo amigo que vai enxugar as lágrimas nos momentos difíceis. O mesmo acontece quando se perde alguém querido; a vida te presenteia com pessoas que te darão força para seguir ou com uma sequência de fatos e motivos para continuar desejando-a.
Você perde o emprego, termina com o namorado, bate o carro, quando tudo parece estar dando errado vem a vida e te apresenta novos motivos para gostar de estar com ela (a vida). É porque ela sabe que não dá pra tratar alguém só com tapas. Há de chegar a hora de afagar e tratar com carinho... Ou todos desistiríamos dela...
Não sei se a vida sempre dá e tira na medida certa, isso é algo que só alguém com o tamanho da sabedoria dela pode saber. Deus, por certo... Nós, em nossa pequenez, talvez apenas não saibamos captar os sinais da vida. E por não entendermos ou não estarmos prontos para os seus ensinamentos, jogamos toda a culpa nela:"Que vida ingrata!".
Uma grande lição é mesmo ter paciência e esperar acabarem os ciclos. Como na natureza. Daí, quem sabe, consigamos enxergar o florescer do ipê no cerrado ou um lindo por do sol em meio às turbulências.
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