Quando a arte inspira a arte? Durante o show do bandolinista e compositor brasileiro Hamilton de Holanda, em Brasília, ele apresentou uma composição inspirada nos painéis “Guerra e Paz” do artista plástico, também brasileiro, Cândido Portinari. Um exemplo de arte inspirando a arte.
Acho os painéis belíssimos e a composição de Hamilton é tão intensa e grandiosa quanto à obra de Portinari, outra verdadeira obra prima. Dizem que a dor inspira a arte, assim como a vida, a paixão, a tristeza, enfim… Mas, quando uma bela arte inspira outra, é difícil não se obter um resultado positivo.
Então, pensando nisso, comecei a me lembrar de outros belos resultados quando a arte inspira a arte, considerando, é claro, a subjetividade da beleza ─ o que me encanta não necessariamente toca a todos.
Partindo do pressuposto de que todos nós somos obras de arte, criados pela inspiração divina, eis que uma bela mulher inspira lindos poemas como os de Pablo Neruda para Matilde: “Amo el trozo de tierra que tú eres, porque de las praderas planetarias otra estrella no tengo. Tú repites la multiplicación del universo. Tus anchos ojos son la luz que tengo de las constelaciones derrotadas, tu piel palpita como los caminos que recorre em la lluvia el meteoro…”
Partindo do pressuposto de que todos nós somos obras de arte, criados pela inspiração divina, eis que uma bela mulher inspira lindos poemas como os de Pablo Neruda para Matilde: “Amo el trozo de tierra que tú eres, porque de las praderas planetarias otra estrella no tengo. Tú repites la multiplicación del universo. Tus anchos ojos son la luz que tengo de las constelaciones derrotadas, tu piel palpita como los caminos que recorre em la lluvia el meteoro…”
Clássicos da literatura que viraram filmes também são arte inspirando a arte. Por mais que não consigam traduzir completamente a obra escrita, sendo uma bela obra, dificilmente o filme será ruim. É o caso por exemplo do ” O Amor nos tempos do Cólera”, de Gabriel Garcia Márquez ou de “O morro dos ventos uivantes”, de Emily Brönte. Já vi tatuagem inspirada em livros, pinturas inspiradas em contos, quadros inspirados em filme, como acontece nas edições da exposição americana Crazy 4 Cult , onde os artistas se inspiram em filmes clássicos.
E tem também o teatro, que é fonte de inspiração e também se baseia em outras artes. Outro dia desses fui assistir à peça “As pontes de Madison”, baseada no livro que, por sua vez, também inspirou o filme. Apesar do tempo reduzido do teatro e do cinema, o sentimento foi o mesmo de quando li o livro: a angústia de ter um grande amor perdido.
E tem também a música nascida em versos. Descobri em um blog algumas músicas cuja inspiração foi a literatura. A música Don’t stand so close to me, The Police, foi inspirada no livro Lolita de Vladimir Nabokov. Ouvindo a música, é difícil não pensar em Lolita… Tem ainda Animals, Pink Floyd, que foi inspirado no livro O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger e a música A Hora da estrela, Pato Fu, inspirada no livro homônimo de Clarice Lispector.
A origem da inspiração é um tremendo mistério. Não dá para tentar entender, só mesmo admirar os seus frutos, como a linda composição que surgiu dos painéis de Cândido Portinari. Por esse resultado e tantos outros de uma lista sem fim, ouso dizer que a beleza é ainda mais intensa quando a arte inspira a arte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário