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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

terça-feira, 17 de julho de 2012

Um pássaro sem plano de voo




Existem pessoas que conseguem manifestar divinamente suas angústias, medos, revoltas e questionamentos por meio da arte. Pessoas verdadeiramente abençoadas pelo dom de saber transmitir emoções e estimular diversas instâncias da consciência para dar um significado único a cada obra, seja uma pintura, uma poesia, uma canção, uma dança... Tem gente que lateja arte.

Até assistir ao filme do diretor chileno Andrés Wood, Violeta foi para o céu, que mergulha na vida da artista Violeta Parra, só conhecia uma face da artista, a música, belíssimas canções, como Gracias a la vida, que expressa a alma da sua nação e protesta contra injustiças sociais. Violeta cantava contra o imperialismo, era a voz dos camponeses pobres e oprimidos. Como foram no Brasil as canções de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Elis Regina e outros artistas que entoaram hinos de liberdade em resistência à ditadura militar.

Mas o talento da chilena Violeta Parra não ficou restrito apenas à sua música, que já seria bastante: também foi colecionadora, poetisa, pintora, escultora, bordadeira e ceramista. Uma artista multifacetada, uma dessas pessoas que lateja arte, como descrevi no início. Em 1964, o jornal francês Le Figaro escreveu: Leonardo da Vinci terminou no Louvre. Violeta Parra começa nele.
A vida, as pessoas, sobretudo a tradição popular foram a sua escola. Não seguia regras, somente a intuição. Aos mais novos ela aconselhou: "Escreva como você gosta, use os ritmos que aparecerem, tente diferentes instrumentos, sente-se ao piano, destrua o que é linear, grite ao invés de cantar, arrase na guitarra e toque a buzina. Odeie matemática e ame redemoinhos. Criação é um pássaro sem um plano de vôo, que nunca irá voar em uma linha reta".
Em tempos onde a arte é tratada como mercadoria, quando muitas "canções" incentivam o fútil, o consumismo exacerbado seja de coisa ou de gente é fundamental lembrar de Violeta Parra e de tantos outros artistas que colocaram sua arte à serviço daqueles que são impedidos de se expressar pela repressão do poder, da fome e da ignorância.Gracias a Violeta Parra!


˝Gracias a la vida que me ha dado tanto/ Ha dado la risa me ha dado el llanto/ Así yo distingo dicha de quebranto/ los dos materiales que formam mi canto/ Y el canto de ustedes que es el mismo canto/ Y el canto de todos que es mi proprio canto. Violeta Parra

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