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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ditadores de nós mesmos




Terminei de ler recentemente um romance que se passa na Espanha, durante a ditadura do general Francisco Franco. O que mais me encantou foi o conteúdo histórico da narrativa, o romance acabou ficando em segundo plano. O título do livro é "O retorno" e foi escrito pela autora inglesa Victoria Hislop.

A obra conta a história de uma família que vive em Granada e é praticamente exterminada pela ditadura de Franco. No entanto, a frase que mais me chamou atenção foi dita por um personagem de fora da trama central. Trata-se de um professor de filosofia que, após o fim da guerra civil espanhola, foi capturado e obrigado a trabalhar na construção do Valle de los caídos. O Valle é um memorial franquista monumental e basílica, erguido em memória dos nacionalistas mortos durante a guerra. Ao perceber as péssimas condições dadas aos prisioneiros, assemelhadas à escravidão, o professor falou: ─ Eles podem escravizar meu corpo, mas minha alma me pertence.

É interessante o poder de frase soltas nos fazerem refletir... Essa frase não me saiu da cabeça por muito tempo. Fiquei pensando nas diversas maneiras de termos nossas almas escravizadas, mesmo fora das épocas de ditadura. E, muitas vezes, as tentativas vêm de nós mesmos ─ a todo tempo presenciamos pessoas negociando sua moral e ideologia por dinheiro e poder.

Pior do que ter o corpo escravizado é ter a alma. Mesmo que não seja por dinheiro ou poder, há outras maneiras de tornar as nossas almas escravas. Nós a escravizamos quando nos permitimos viver situações que vão de encontro à nossa maneira de ser por comodismo; quando não falamos o que precisa ser dito por covardia; quando cedemos a chantagens porque nos convém; quando praticamos o errado, conscientes do erro, para tirar proveito disso; quando julgamos e nos consideramos superior; quando não respeitamos as diferenças de raça, sexo, pensamentos e ideologias.

Toda vez que contrariamos a nossa essência estamos escravizando um pouco a nossa alma... É bom a gente refletir sobre o que nos leva a isso, antes que não haja mais maneira de quebrar correntes, sair da escuridão do isolamento, que já não consigamos mais viver sem as chibatadas, antes que a gente se torne ditadores de nós mesmos.  

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