Comecei a ler esta
semana o livro Viver para Contar, de Gabriel García Marquez. Devoro
os livros dele, realmente gosto muito, e esse me encantou logo de
cara por dois motivos: um por se tratar de suas memórias e outro
pela epígrafe. "A vida não é a que a gente viveu, e sim a que
a gente recorda, e como recorda para contá-la".
O
"como recorda", no caso do autor, faz toda a diferença em
sua literatura
realidade recheada de fantasia. No livro, ele conta que se inspirou
no amor dos pais para escrever o meu romance preferido: O
amor nos tempos do Cólera.
Referindo-se às narrativas dos pais sobre como se conheceram e
vivenciaram o amor, diz: "Os dois eram excelentes narradores, com
a memória feliz do amor, mas chegaram a se apaixonar tanto em seus
relatos que quando finalmente decidi usar essa memória em O
amor nos tempos do cólera, eu,
mesmo passado de meus cinquenta anos, não consegui distinguir os
limites entre a vida e a poesia."
A
vida é realmente o que a gente recorda e por isso ela, creio eu, é
a maior escola do escritor. Lógico que você aprimora a escrita
lendo, estudando, enfim... Mas, para escrever, é preciso viver, ser
observador e, não poderia deixar de incluir, ser um exímio "ladrão"
de histórias.
No melhor dos
sentidos, García Marquez apropriou-se da história dos seus pais, a
enriqueceu com o domínio das letras que tem e criou, com um toque
mágico de fantasia, um dos romances mais lindos que há, na minha
opinião. História brilhante porque soube contá-la, como vários de
seus livros, influenciados por suas recordações e pelos relatos e
vivência dos seus.
Vários
livros do autor basearam-se nas experiências de sua infância. Acho
que esses anos foram muito importantes para construir esse seu
universo imaginativo. Ele foi criado na casa dos seus avós maternos.
O avô, coronel Nicolas Márquez, veterano da guerra civil colombiana
narrava-lhe suas aventuras militares e a avó, Tranquilina Iguarán,
relatava fábulas e lendas que transmitiam sua visão mágica e
supersticiosa da realidade.
Isso explica muita coisa da maneira
como ele recorda para contar. Só mesmo uma alma recheada de boas
memórias infantis poderia enxergar a realidade com tanta magia e
pureza. Só mesmo uma alma ingênua de criança conseguiria criar um
homem que espera 53 anos, 4 meses e 11 dias pelo amor de uma mulher;
um cronista de 90 anos que se apaixona por uma adolescente virgem e
adormecida e, ainda, uma cidade imaginária, Macondo, fundada por
primos que se casaram assustados pelo mito de que o casamento entre
familiares poderia gerar filhos com rabos de porco. Só mesmo Gabriel
García Marquez... Adoro!
Conheci esse blog por acaso e gostaria de aproveitar e deixar meu comentário sobre o livro acima:
ResponderExcluirComecei o ano 2013 ao lado de Gabriel, lendo seu livro "Viver para Contar", iniciei a leitura sem nenhuma pretensão, e pensei: Tem que me prender no primeiro capítulo... E não é que estou completamente entregue??!! Bjo a todos!
Kátia Leite - Recife/PE