"A linguagem musical me basta". Essa é a frase que encerra o documentário A música segundo Tom Jobim, do veterano cineasta Nelson Pereira dos Santos e da neta do compositor, Dora Jobim, que fui assistir há cerca de duas semanas.
Sempre fui uma tremenda fã de Tom Jobim, principalmente porque sua música me causa um prazer nostálgico de tempos que não vivi. E foi imbuída desse sentimento que assisti à projeção desse documentário cuja única narrativa é a música: nada de locução, entrevistas, tampouco informações biográficas, apenas o caminho sensorial de imagens e sons. Mas que não são quaisquer imagens e sons, e sim uma belíssima montagem de grandes momentos da música brasileira, shows realizados, parcerias formadas e um retrato muito bonito de uma época de inocência e poesia.
Cantei, chorei, meu coração acelerou, porque a música me toca. E assim como ela bastava a Tom Jobim, me bastou naquele momento. Não senti necessidade de maiores explicações, apenas mergulhei na narrativa musical do documentário. Percebi a magia dessa narrativa que se basta.
As artes têm esse poder... E o valor artístico de um documentário baseado no trabalho de quem é considerado o maior expoente de todos os tempos da música brasileira, como Tom Jobim, e fruto da ousadia de um dos mais importantes cineastas do país, precursor do movimento do cinema novo, como Nelson Pereira dos Santos, só poderia mesmo aguçar os sentidos. E para enriquecer ainda mais esse diálogo musical, na sequência de intérpretes estão Elis Regina, Gal Costa e Elizeth Cardoso, Diana Krall cantando em português, o francês Jean Sablon, e os norte-americanos Ella Fitzgerald, Sammy Davis Jr. e Frank Sinatra.
Uma verdadeira viagem sensorial... A única coisa que me chamou a atenção, infelizmente, foi o fato do cinema, em plena estreia, estar vazio. Depois, conversando com amigos que assistiram ao documentário em data distinta, o mesmo ocorreu: um cinema completamente vazio... É uma pena! Ao acenderem as luzes, quando o cineasta finalmente identifica os protagonistas do documentário, gostaria de ter visto uma plateia emocionada como eu, embevecida pela narrativa musical, como acontece quando assistimos a concertos, orquestras, quando despretensiosamente nos dispomos a ouvir uma música de qualidade no carro, em casa, ou em qualquer lugar. Afinal, sempre que a ouvimos com sentimento a boa música se basta.
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