Na semana passada, fui ao show da cantora e compositora Teresa Cristina pelo projeto "Encantadoras", no Teatro Oi Brasília. Ela é realmente um espetáculo de talento e simpatia...
Um momento do show me chamou, particularmente, a atenção. Teresa entrou no palco com plumas ao redor de seu decote e um tom de sensualidade que envolveu todos os seus sentidos. Não só cantou, mas incorporou uma das tantas musas de Chico Buarque - Lily Braun. Ao final da música, ela desabafou algo mais ou menos assim: "Nem sempre dá pra ser uma mulher de Chico Buarque. Como é bom poder ser uma delas ao menos por 15 minutos ".
Parei para pensar... Chico Buarque já retratou muitas mulheres em suas composições e literatura lindas, feias, pobres, ricas, corajosas, submissas, loucas, ousadas e, talvez, ainda que por 15 minutos, deixemos extravasar algumas delas, ou todas elas. Certamente somos muitas delas ...
Quem nunca foi uma Lily Braun: " Como num romance /O homem dos meus sonhos/Me apareceu no dancing/Era mais um/Só que num relance/Os seus olhos me chuparam/Feito um zoom..."
Quem nunca se sentiu uma Rita, levando o sorriso de alguém... matando o amor... deixando mudo um violão?
Qual de nós nunca teve os olhos fundos de dor de Carolina ou a ingenuidade materna, parte de não saber e parte de não querer saber sobre "nosso guri", seja ele um filho, parceiro, amigo, ou você mesmo... Acreditar na falsa verdade por não suportar a realidade de todas as mentiras e acolher com orgulho: "Olha aí... é o meu guri".
Quem nunca teve seus quinze minutos de Geni? De sentir-se maltrapilha, injustiçada, valendo pouco ou nada, por todos julgada e apedrejada? E mais outros tantos tempos da garra das mulheres de Atenas...
E qual de nós, vez por outra, não gosta de ser cuidada, protegida e acalentada como uma das meninas de Chico... Ter alguém que chegue, te abrace e diga que vai ficar tudo bem, ainda que você saiba que ele não pode fazer nada por você..." Pode o tempo marcar seus caminhos nas faces/com as linhas das noites de não/E a solidão maltratar as meninas/as minhas não..."
Cada uma tem um pouco da tristeza de Tereza e um dia de Januária na janela, que não se dá conta de sua graça tão singela... Tem o eterno amor de Yolanda e pode provocar chamas em um coração, como uma Divina Dama.
Louco é saber que somos muitas em uma só: Lily, Geni, Januária, Rita, Carolina... Depende do dia, depende do humor, de hormônios...Depende da companhia e da solidão, às vezes necessária, outras imperativa, mas que sempre faz refletir...Fico me perguntando se ele enxerga todas elas em nós... Na verdade, acho que nem mesmo nós as enxergamos, simplesmente somos "Mil e Uma Mulheres de Chico".
Amiga, que delícia de show! Eu sou apaixonada pelos perfis das "mulheres do Chico" e, na hora de escolher o nome da minha filha, pensamos, uma a uma, nas mulheres do Chico!
ResponderExcluirBeijos e saudade de você!