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Para tudo! Vamos começar de novo. Aqui seria um espaço para troca de livros, mas acabou tornando-se um local de desabafos. Meus desabafos... Porque minha amiga Luciana abandonou o barco por causa de outros projetos e nunca mais postou nada. Então ela me pediu que reformulasse o blog e eu, Anoushe, sigo daqui com vocês que gostam de acompanhar um pouco do que fervilha em minha cabeça. A finalidade continua sendo trocar ideias, portanto, preciso mais da ajuda de vocês. Quem quiser dar sugestões para futuros textos, mande um e-mail. Podem também enviar textos sobre um livro que leram, uma música que os emocionou, peça de teatro, filme, enfim... Haverá um espaço reservado para suas impressões, tornando esse blog mais participativo e realizando uma efetiva troca de ideias. Conto com vocês, como sempre, para dar seguimento a isso que considero vital: trocar ideias, apreciar a arte, observar e conhecer pessoas e escrever... escrever... escrever...! "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Erotismo sem pedir licença

A ideias para se escrever um texto surgem, realmente, nos momentos e locais menos esperados... Estava eu em um podólogo, dando uma assistência aos queridos pés cansados e folheando um jornal desses de bairro, com direito a gata do mês e tudo mais, quando um artigo me chamou a atenção. Infelizmente não me lembro o nome da autora, só sei apenas que é mexicana. Enfim... Ela fez em seu artigo uma reflexão sobre "pornografia" destinada a mulheres. Segundo ela, e particularmente concordo, o que excita a mulher, muitas vezes, é bem diferente do que excita um homem... Nem sempre é o suficiente ver vários corpus nus, mil e uma posições diferentes, show de contorcionismo e criatividade ... Não é que não funcione e muito menos que mulheres não apreciem, veja bem, mas às vezes pode ser que palavras e atitudes na hora certa excitem muito mais. Uma sábia amiga costuma dizer que sexo começa do bom dia dado do jeito certo, da troca de gentilezas, carinho, cuidado porque se o dia começou assim ... A noite certamente promete!!!!
Mas voltando ao artigo, a autora questionou a escassez de material voltado para o público feminino, ou seja: pornografia não falta, mas poucos se atrevem a entrar no universo do erotismo, da sensualidade narrada por meio de personagens com os quais a gente possa se identificar... "histórias pornográficas"... Ao falar sobre literatura erótica, a autora citou a francesa Anaïs Nin. Nascida em 1903, Anaïs ficou famosa pela publicação de diários pessoais escritos desde os seus 12 anos. São romances e narrativas impregnados de teor erótico. E realmente, ela escreve com as entranhas, tem um poder de atração visceral... E pensar que a sociedade em que ela viveu poderia ser ainda mais castradora e cruel do que a atual, agrega ainda mais valor a seus textos. Eles são impregnados de coragem, intensidade, esbanjam sensualidade narrativas isentas de falsos pudores e com um toque de elegância... erotismo elegante mas sem precisar pedir licença...
Foi Anaïs quem escreveu que "o erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia". Como não concordar com isso... Nada como um amor sensual para ajudar a encontrar sua sensualidade, nada como infestar a sua vida de poesia para aprender a percebê-la nas pessoas, nas coisas, na vida...
Outra dela: "O verdadeiro infiel é aquele que só faz amor com uma fração de ti. E nega o resto." Metades... metades... metades... como é bom quando a entrega é inteira, não é verdade?
O bom dessa história de ler em clínica de podologia é que estou com pés e alma enriquecidos... E termino com mais Anaïs, quem puder leia!
"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."

Um comentário:

  1. Lindo, amiga! Li um livro dela, The Spy in the House of Love. Muito inspirador e verdadeiro!! Recomendo!

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